domingo, 25 de outubro de 2009

O jogo-arte-ciência


O xadrez é um jogo desenvolvido em cima de um tabuleiro contendo peças brancas para um jogador e peças pretas para um outro jogador. Assim como qualquer outro jogo de mesa, há um número de peças que devem ser jogadas e arrumadas de maneira, que demonstre uma hierarquia entre as peças que devem ficar mais expostas ou não. Existem expressões técnicas ou linguagens que estabelecem a regra do jogo para a devida comunicação entre os praticantes. Entre as diversas regras, existem: a tomada en-passant, roque, promoção, xeque, mate e empate. Cada um, inicialmente, tem dezesseis peças: Um Rei, uma Dama, duas Torres, dois Bispos, dois Cavalos e oito Peões. O jogo termina quando se atinge o mate, uma situação de empate ou abandono. A finalização de uma partida requer muita paciência, pois o jogo é uma soma que corresponde à tática de defesa e ataque, desarticulando a estratégia do jogo oposto.


O xadrez e a sua importância


O xadrez nos revela muito sobre a guerra, a arte a ciência e o cérebro humano. (David Schenk em O Jogo Imortal)[1].


O xadrez é um jogo nascido na Índia e que mais tarde acabou se tornando popular na China, Coréia, Alemanha, entre outros países. É um jogo realizado entre duas pessoas e é encarado como uma simulação de batalha. Também conhecido como jogo-ciência, tornou-se popular e atribuído a diversas épocas a gregos, romanos, persas, egípcios e árabes. Inclusive, alguns termos técnicos como xeque-mate, surgiram na Pérsia, e hoje é um termo usado como gíria para situações bem diferentes se comparadas à circunstância do jogo. Mas o que vem ao caso para este estudo é instaurar o xadrez como uma ferramenta interdisciplinar de suporte pedagógico, porque o xadrez além de ser um jogo, também é um estimulador para que o cérebro desenvolva no ser humano funções lógicas,
                                                                                                                                     
 [...] o xadrez aumenta a “criatividade em adolescentes talentosos”, concluindo que “o xadrez parece ser superior a muitos programas usados para desenvolver o pensamento criativo, então logicamente, pode ser incluído em um programa diferenciado para estudantes mentalmente talentosos” [2].


Segundo Rubens Filguth (2007:13) um estudo realizado, em 1973-1974, pelo Dr. Albert Frank, no Zaire, verificou que os jogadores de xadrez adolescentes (16 a 18 anos de idade) tinham fortes habilidades espaciais, numéricas, administrativo-direcionais e burocráticas. Sendo o xadrez um jogo que desenvolve esses tipos de habilidades nos adolescentes, o mesmo vem sendo um jogo muito rotineiro, ou seja, tornou-se uma prática comum em muitos países da Europa. Na Rússia e na Alemanha. Porém, há um grande número de praticantes de xadrez. Conseqüência do estímulo que se dá à criança para tal aprendizado.



"É muito importante começar cedo no xadrez, a escola é o local ideal para começar, e desenvolver o gosto nestas idades é crucial para o futuro da modalidade e muito importante para a formação das crianças e jovens", disse a O JOGO, ele que começou com cinco anos (os pais, arquitetos, eram amantes do xadrez) e aos 16 já era campeão do Mundo na sua categoria [3].



Está citação faz referência ao jogador de xadrez russo Sergei Tiviakov. Este se tornou campeão de xadrez na adolescência e, atualmente, é modelo de inspiração para aqueles que tentam ingressar no hall dos campeões. É de extrema importância salientar, que aos 16 anos Sergei já era campeão desta modalidade. Significa comentar sobre uma realidade muito próxima, se comparada aos jovens brasileiros, levando-se em consideração que grande parte dos adolescentes são dotados de capacidades para uma determinada assimilação lógica. O xadrez já vem sendo praticado no Brasil de forma ainda pouco expressiva, mas percebe-se, que atualmente algumas escolas estão instituindo a modalidade do xadrez como esporte na grade curricular. Em Sergipe, algumas instituições, como: Colégio Arquidiocesano, Colégio Dinâmico, São Paulo, Colégio Bom Pastor, Nossa Escola, entre outros, já aderiram aos campeonatos. O projeto Xadrez nas Escolas é um trabalho que vem sendo realizado como um forte incentivo para a prática do xadrez no país. Portanto, é preciso torná-lo algo de propriedade comum.


O projeto Xadrez nas Escolas é um trabalho conjunto desenvolvido, desde 2004, pelo Governo Federal, por meio dos Ministérios da Educação e do Esporte, e pelo Governo Estadual, por meio da Secretaria de Estado de Educação, em parceria com a Secretaria de Estado da Juventude, do esporte e do Lazer. A iniciativa está baseada na promoção de estratégias para a inclusão e permanência do aluno na escola, considerando que o xadrez é um esporte pedagógico que auxilia o desenvolvimento das demais disciplinas escolares. A prática da atividade desenvolve diversas habilidades, como a atenção, concentração, julgamento, imaginação, memória, vontade de vencer, paciência, autocontrole, espírito de decisão, coragem, lógica matemática, raciocínio analítico e sintético, criatividade, inteligência, organização metódica e interesse por línguas estrangeiras (Fonte: Clube de Xadrez) [4].


O xadrez e a interdisciplinaridade



O jogo do xadrez está inserido na escola a partir do momento em que ele também considerado uma atividade lúdica, que de modo análogo o aluno faz assimilações de raciocínio lógico através de uma prática constante, servindo de auxílio em disciplinas como: português, matemática, química, física, etc. Este diálogo que existe entre o xadrez e as disciplinas escolares tem sido fruto de muitas pesquisas para a instauração de uma pedagogia construtivista no jogo de relações existentes entre as mais diversas áreas do conhecimento. A idéia de que o próprio conhecimento é um jogo de investigação em que se pode ganhar, perder e tentar novamente está na base da utilização de jogos como material de trabalho psicopedagógico. De acordo com a teoria epistemológica do psicólogo e pedagogo suíço Jean Piaget (1896-1980), toda criança passa por três estágios de jogo. O jogo de exercício, repetitivo, é a base para o como das coisas. O jogo simbólico, produtor de linguagens e convenções, lida com o porquê das coisas. O jogo de regra, de caráter coletivo e assimilação recíproca, marca a transição da atividade individual para a socializada.


O xadrez contempla de maneira paradigmática essas três etapas, e por isso mesmo seu ensino nas escolas é defendido por psicopedagogos como Celso Antunes, autor do livro "Jogos para a Estimulação das Múltiplas Inteligências", para quem o jogo é "o melhor caminho de iniciação ao prazer estético, à descoberta da individualidade e à meditação". Na monografia "O Jogo de Xadrez na Escola Pública: Uma Visão Psicopedagógica", Elenita Pompeu defende o ensino do xadrez para alunos e professores (em programas de educação continuada), "com o intuito de resgatar a ética nas relações humanas, estimular habilidades lógico-matemáticas e desenvolver a atenção e a memória". Para ela, o jogo deve ser adotado como parte do currículo no tema transversal ética, previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais[5].


Sabe-se que existem vários tipos de inteligência, ao contrário do que imaginava pelo senso comum, priorizando a inteligência como uma coisa única, sem entender esse mecanismo como um leque de possibilidades, nas quais existem as inteligências: Musical; Naturalista, Intrapessoal, Interpessoal, entre outras. Abre-se uma observação; para que o leitor atento possa pesquisar sobre estas e as demais inteligências na obra de Howard Gardner: Estruturas da Mente: A Teoria das Inteligências Múltiplas. Obra esta em que Celso Antunes faz um breve comentário sobre a inteligência lógica-matemática: [...] Uma boa idéia é jogar xadrez e outros jogos que utilizem a lógica e o planejamento, fazer palavras cruzadas, montar quebra cabeças [...]. (Revista Vencer! Ano VIII – nº 87 – dezembro/06, p.53). A relação do jogo de xadrez com as inteligências múltiplas de Gardner são muito evidentes, pois quando citamos a lógico-matemática referindo-se a uma inteligência capaz de lidar com números, cálculos e encadeamento lógico de idéias, (contribuindo assim para a arte do planejamento) muito comum aos enxadristas, faz-se uma relação lógica e abstracionista de ações nas relações do cotidiano, acrescido também à inteligência visual espacial, onde o praticante consegue formar um modelo do espaço mentalizado. 


Dentro de uma perspectiva interacionista, foi revelado, em muitas escolas, que a prática do xadrez, vem fazendo do aluno, um ser mais contemplado em médias mais significativas. Como se percebe, a intenção não é criar novas disciplinas, e sim, novos meios de assimilação de conteúdos. Na perspectiva escolar, a interdisciplinaridade não tem a pretensão de criar novas disciplinas ou saberes, mas de utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema[6].


A falta de entendimento no sistema diferenciado de símbolos, em diferentes objetos, tem acarretado graves problemas no sistema de ensino. Como fazer com que o aluno entenda que há uma lógica matemática no português que está implícita por se tratar de um código diferenciado que não seja 1+1, e sim, verbo + complemento ou advérbio, em que o número 1 por si só é um número, e que por uma relação de soma pode gerar outro número. Assim como no português; em que o verbo já constitui por si só a oração, mas que há também uma relação de soma ou hierarquia com outros grupos gramaticais ou palavras, para que se possa constituir orações mais completas, de certo modo, [...] Os símbolos a ser manipulados podem também ser palavras, como é o caso do raciocínio silogístico, formação de hipóteses científicas e outros procedimentos formais. (GARDNER, 1994, p. 103). O problema no qual trata a citação, não envolve apenas a falta de compreensão em problemas matemáticos, mas em fazer com que o aluno adquira concentração mediante a algo direcionado. Não obstante a perspectiva de um mundo virtualmente global, no ideal do jovem que adquire cada vez mais, ao longo dos anos, uma maior interação de comunicação, conseguindo estabelecer uma ampla rede de contato com ORKUT, MSN, HOTMAIL, entre outros e ao mesmo tempo. Sem contar que o modelo de família atual já não direciona mais o jovem a entender um padrão organizado de sociedade. 
Dentre esses aspectos sociais já mencionados, o xadrez dentro da escola não só faz com que o aluno consiga adquirir concentração, como também traz outros benefícios sociais, como ponte, reunindo as crianças de sexos, idades e raças diferentes em uma atividade que todos podem desfrutar. O jogo ajuda a construir amizades individuais, bem como o espírito escolar, quando as crianças competem juntas como um time contra outras escolas. O xadrez também ensina sobre esportividade – como ganhar com cortesia e não desistir após uma derrota. Para crianças com necessidades de ajuste, há muitos exemplos em que o xadrez conduziu ao aumento de motivação, melhor comportamento, melhora na auto-imagem e até mesmo maior freqüência escolar. O xadrez provê uma saída social positiva, uma atividade recreativa saudável que pode ser aprendida com facilidade e desfrutada em qualquer idade. (FILGUTH, 2007:36). Quando a criança chega ao período da adolescência e ao mesmo tempo chega a freqüentar as séries iniciais do ensino médio, o mesmo percebe uma gama de mudanças de comportamento social, na convivência em grupos isolados e a necessidade de auto-afirmação perante outras pessoas do grupo; na tentativa de ser o melhor da sala: no futebol, nas paqueras e nos esportes mais radicais. Então o xadrez vem como uma atividade, que desenvolve o espírito de equipe e a ampliação na relação de grupos heterogêneos.

[1] www.zahar.com.br/catalogo_detalhe.asp?id=1105
[2] FILGUTH, Rubens. A importância do xadrez. Porto Alegre: Artmed, 2007, p.13.
[3] http://www.cdp.pt/comunicacao-marketing/noticias-desporto/7111.html?task=view
[4] www.sed.ms.gov.br/index.php?templat=vis&site=98&id_comp=278&id_reg
[5] www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=193&revista_id=3&Artigo_ID...1 -   
 [6] http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf

APRENDA E JOGUE XADREZ

Melhorar no Xadrez requer esforço - Saia na frente, Aprenda por Vídeo Aulas

Para se tornar um grande mestre, nível mais alto de um enxadrista, são necessárias até oito horas de estudo diário por muitos anos. Nos jogos entre profissionais, a preparação pode se estender ainda mais.

Para se adquirir e desenvolver habilidades no jogo de xadrez, ao contrário do que muita gente pensa, é necessário algumas milhares de horas, debruçado sobre o tabuleiro de xadrez, analisando variantes e melhorando o conhecimento teórico.

E para brilhar é preciso muita, mas muita transpiração, e um pouco de inspiração, e pra isso a dedicação e disciplina são fatores de sucesso.

Mestre FIDE (MF) é um dos títulos vitalícios concedidos pela Federação Internacional de Xadrez aos enxadristas profissionais que tenham obtido a pontuação igual ou superior a 2.300 pontos, tendo sido estabelecido a partir de 1978.

Mestre Internacional (MI) é um dos títulos vitalícios concedidos pela Federação Internacional de Xadrez aos enxadristas profissionais que tenham obtido a pontuação igual ou superior a 2.400 pontos e conseguido as três normas de MI necessárias.

Grande Mestre Internacional (GMI), mais conhecido na forma simplificada (GM), é um dos títulos vitalícios concedidos pela Federação Internacional de Xadrez aos enxadristas profissionais que tenham obtido a pontuação igual ou superior a 2.500 pontos e conseguido as três normas de GM necessárias, tendo sido estabelecido a partir de 1950.

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